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Padre Jaime Snoek entrou para o seminário em 1935 e foi ordenado sacerdote em Wittem em 1947, dois anos após o fim da Segunda Guerra Mundial que muito o teria marcado. Fez Pós-Graduação em Roma e tornou-se doutor em Teologia no início de 1952, ano em que aproveitou para melhor conhecer os movimentos operários cristãos de Bruxelas. Neste período, Padre Jaime já havia sido escolhido para ministrar aulas de Teologia Moral no Seminário da Floresta, em Juiz de Fora, MG e estava se preparando para isso. Chegou ao Brasil em 1953 e estabeleceu-se em Juiz de Fora onde ficou trabalhando na Paróquia da Glória onde, com o apoio da Província do Rio, a colaboração dos paroquianos e das Irmãs da Casa Maternal (vicentinas) abriram o Ambulatório. Neste período fez seus primeiros contatos com o Circulo Operário da cidade e com os sindicatos. No Brasil, adotou o nome de Jaime, passando a ser conhecido como Padre Jaime Snoek.

 

Começou a lecionar Teologia Moral no Seminário da Floresta para os cursos de Filosofia e Teologia. Á media em que se dedicava à docência aprofundava seus conhecimentos na área tendo se destacado como fiel colaborador da Revista Eclesiástica Brasileira (REB) que publicou vários artigos seus. Viajou o país participando de cursos, seminários e congressos, e em um desses momentos conheceu as Irmãs de Jesus Crucificado que solicitaram sua ajuda para uma fundação em Juiz de Fora. Sob a liderança do Pe. Jaime, as irmãs fundaram a Faculdade de Serviço Social em 1958. Durante a Ditadura Militar a faculdade foi vista como um reduto do comunismo e Pe. Jaime passou a ser visado pelos órgãos de repressão. Durante uma década (1958/1968), a Faculdade funcionou como instituição de ensino superior sem fins lucrativos, de caráter particular e sob a direção das Irmãs Missionárias. Reconhecida em 1963 pelo MEC, foi agregada à Universidade Federal de Juiz de Fora em 12 de março 1969 e a ela incorporada em 11 de novembro de 1974, pela Lei nº 6.139.

 

Com o fechamento do Seminário da Floresta na década de 1970 e a incerteza do futuro dos estudantes de Filosofia e Teologia Pe. Jaime envolveu-se no processo de reforma universitária então em curso. Apoiado por Murilo Hingel e Artur Arcuri em Juiz de Fora e por Dom Padim e Pe. Vasconcelos no Conselho Federal de Educação, conseguiu apoiar o projeto de criar os departamentos e cursos de Filosofia e Ciência das Religiões na recém-criada Universidade Federal de Juiz de Fora em 1976 onde também trabalhava como professor.

 

O fechamento do Seminário fez com que sua biblioteca ficasse abandonada e Pe. Jaime decidiu então administrar a biblioteca e incorporar ao seu acervo grande parte dos livros da biblioteca do Seminário de Congonhas. Construiu-se, ao lado da Igreja da Glória um novo espaço para a biblioteca, a partir de 1980, aberta ao público. Pe. Jaime trabalhou durante anos na organização de um dos mais importantes acervos bibliográficos no campo das ciências humanas e sociais do país. A Biblioteca Redentorista, atualmente com mais de 70 mil livros e seis mil periódicos, possui obras raras de incalculável valor e continua como espaço aberto ao público.

 

Durante a década de 1970, como resultado da instalação de regimes autoritários na América Latina, segmentos da Igreja Católica brasileira passaram a se empenhar na defesa dos direitos humanos. Os Centros de Defesa dos Direitos Humanos, Comissões de Direitos Humanos e Comissões de Justiça e Paz espalharam-se pelo país e deram origem ao Movimento Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (MNDDH). Pe. Jaime, com o apoio da Renovação Cristã no Brasil (RCB), lançou, em uma sala da Igreja da Glória, o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da cidade. Era constituído por militantes católicos ligados à Arquidiocese local e pautava-se pelos princípios contidos nos documentos sociais da Igreja, conforme estabelecia sua Carta de Princípios.

 

Longe da Formação, Pe. Jaime passou a dedicar-se à Biblioteca Redentorista, à militância através do CDDH e das causas sindicais e ao atendimento e aconselhamento familiar, fundando o Centro de Orientação Familiar (COFAM) em 1986. Com as aulas e os estudos na área de Ética e Teologia Moral, tornou-se referência nestas áreas com a publicação de mais de 60 artigos. Os atendimentos na Glória e a Biblioteca Redentorista foram suas últimas ocupações.

 

Recebeu várias homenagens da Prefeitura Municipal de Juiz de Fora e da Universidade Federal de Juiz de Fora em reconhecimento aos serviços prestados à sociedade como o Mérito Comendador Henrique Guilherme Fernando Halfeld, a Medalha do Mérito Legislativo, o Título de Professor Emérito da Universidade Federal de Juiz de Fora e o Título de Cidadão Benemérito de Juiz de Fora.

 

Acometido pelo Mal de Alzheimer, Pe. Jaime continuava a fazer parte da comunidade redentorista da Igreja da Glória como o último padre holandês da Província, recebendo cuidados diários de profissionais da enfermagem e o carinho dos confrades. Com a saúde já debilitada pela idade e as enfermidades, Pe. Jaime estava internado há vinte dias no Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora e faleceu no dia 29 de setembro de 2013, às 15 horas e foi sepultado, no Cemitério Redentorista, adjacente ao Cemitério da Glória aos 92 anos de idade.

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